sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Estudo sobre habacuque

Pessoal,
segue nosso estudo da ultima segunda , dia 20, dado pelo nosso irmão Heraldo.


INTRODUÇÃO: 1)Autor = Pouco se sabe sobre Habacuque, a não ser que era da época do profeta Jeremias e que era homem de fé vigorosa, profundamente arraigada nas tradições religiosa de Israel. Em nenhum outro lugar da Bíblia são achadas referências a ele, a não ser no seu próprio livro, mas mesmo neste não encontramos a respeito da sua biografia. Até mesmo o significado de seu nome tem dado ocasião a discussões. Para alguns (como Jerônimo e Lutero inclusive), o nome Habacuque deriva-se de um radical hebraico que significa segurar. A palavra Habacuque teria então o significado de abraço. Para outros, o nome é de uma palavra síria que se refere a uma planta. 2)Época e Data = Os tempos da profecia de Habacuque também não podem ser claramente definidos. A menção dos caldeus no primeiro capítulo (v.6) como “nação feroz e impetuosa... terrível e espantosa”, marchando sobre toda a largura da terra, coloca a vida de Habacuque entre os tempos da vitória dos babilônios sobre Faraó Neco do Egito (o mesmo que derrotou Josias) e a arremetida de Nabucodonozor contra Jerusalém. A predição da invasão babilônica iminente (1:6) mostra que Habacuque morava em Judá perto do fim do reinado de Josias (640-609 a. C) ou no início do reinado de Jeoaquim (609-598). Essa profecia é geralmente datada um pouco antes ou depois da batalha de Carquemis [1] (605), quando as forças egípcias, que tinham ido socorrer o último rei da Assíria, foram totalmente derrotadas pelos babilônios comandados por Nabopalassar e seu filho Nabucodonozor, sendo perseguidas até a fronteira do Egito (conforme Jeremias 46). Habacuque, assim como Jeremias, provavelmente viveu para ver o cumprimento inicial de sua profecia, quando Jerusalém foi atacada pelos babilônios em 597 a.C. O profeta Habacuque era um poeta. A elevação de sua linguagem, a leveza da passagem de uma parte para outra de seu poema profético, e a sublimidade de suas imagens, apontam Habacuque como um poeta dos maiores na literatura do Velho Testamento.
UM POUCO DE HISTÓRIA SOBRE OS POVOS DA ÉPOCA DE HABACUQUE: Os Caldeus eram povos semitas do sul da Mesopotâmia que habitavam na margem oriental do Rio Eufrates. Eles iniciaram seu domínio expansionista após a invasão à cidade de Nínive, que era dominada pelos belicistas Assírios, em 612 a. C. Foi com a ajuda dos Medos, que os Caldeus conseguiram destruir o Império Tirano dos Assírios por volta deste ano. O monarca Nabopalassar, que comandou a insurreição, já fora governador de uma província dominada por Assírios e ordenou o ataque após perceber a maior fraqueza desse povo: a administração. Por mais de um milênio (entre 2000 a.C e 700 a.C.) os Assírios conquistaram um grande número de territórios mesopotâmicos, estendendo sua hegemonia para além do Mar Mediterrâneo, englobando Chipre, Egito e Núbia. Em 625 a.C., o Primeiro Império Babilônico, que fora erigido por Acádios, dominou a cidade Assíria, aumentando a hegemonia da Babilônia - que desta vez tornou-se troféu dos Assírios. Apesar de serem grandes estrategistas bélicos e simpatizantes da guerra, os Assírios eram fracos como governantes. Com toda a expansão da Babilônia, eles não sabiam como fazer para unificar todo o território, o que suscitou em inúmeras revoltas civis, facilitando a invasão dos Caldeus. A partir de então, surgia o Segundo Império Babilônico, erguido pelos Caldeus. Sete anos após a conquista, o imperador Nabopalassar faleceu, deixando o poder nas mãos do seu filho Nabucodonosor, responsável pelas principais mudanças na Mesopotâmia que caracterizaram a importância da cultura dos Caldeus. Ambicioso pelo poder, Nabucodonosor (que foi posteriormente sucedido pelo seu filho Nabucodonosor II), investiu-se muito no exército para conquistar os territórios do Egito e dos Assírios em sua totalidade. Não satisfeito, expandiu a hegemonia dos Caldeus para Jerusalém, Fenícia, Arábia, que estavam mais despreparados para as invasões. Ainda estavam sob seu domínio dos Caldeus, a Palestina, a Síria e o Elam, tornando-o o mais poderoso rei do Oriente. O reinado de Nabucodonosor durou 42 anos (604 a.C - 562 a. C) e tornou-se o período mais áureo da Babilônia, sendo feitas enormes construções, sendo as principais, a construção das maravilhas arquitetônicas da Torre de Babel e dos Jardins Suspensos da Babilônia (que dizem que foi construído a pedido de sua mulher de Nabucodonosor). Mas também foi impulsionado por violentas repressões contra os inimigos, como por exemplo, o que ficou conhecido como o “Cativeiro da Babilônia”, que exigiu a deportação em massa dos Judeus de Jerusalém para a Mesopotâmia. A Bíblia relata sobre este episódio que foram os Neobabilônicos que após conquistarem o reino de Judá destruíram Jerusalém e levaram muitos Hebreus (ou Judeus) como escravos para a capital Babilônia. Assim como quase todos os povos do mundo antigo, os Caldeus eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses. A principal atividade econômica dos Caldeus era a agricultura. Os povos conquistados pelos Caldeus eram obrigados a pagar altos tributos, e o dinheiro arrecadado era gasto na construção de novas cidades. O Império Neobabilônico chegaria ao fim em 539 a.C., diante dos povos Persas, pois neste ano o Império Persa governado por Ciro, “O Grande”, conquistaria toda a Mesopotâmia transformando a Babilônia numa simples província Persa. Terminando assim a soberania dos povos semitas sobre a Mesopotâmia.

I - UM PROBLEMA ATUAL (Cap. 1): A profecia de Habacuque tem início com o diálogo entre o profeta e o seu Senhor. A impiedade de Judá causava tristeza e preocupação ao crente Habacuque. Com coração pesado, ele descreve as condições existentes nos seus dias: “A lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta... o ímpio cerca o justo... a justiça é pervertida” (1:4). Deus responde às indagações do profeta, mostrando seu propósito de usar os Caldeus como instrumento de justiça para punir a impiedade dos rebeldes filhos de Judá (1:5). Os versos 6 a 11 descrevem com bela linguagem poética o procedimento dos Caldeus. Nos versos 12 e 13, Habacuque reconhece a grandeza de Deus, exaltando a sua eternidade e a sua santidade. E é exatamente essa grandeza e essa santidade que confundem o profeta. Ele não nega a impiedade de seu povo. Mas seria de esperar que o Deus santo e eterno se utilizaria de uma gente mais ímpia ainda para castigar a nação escolhida? Com coração atribulado, mais pleno de sinceridade, o profeta expõe o seu grande problema. O Deus eterno e santo, puro de olhos e sem contemplações para com a iniqüidade, olha indiferente “os que procedem aleivosamente”, e cala-se “enquanto o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele”. Mostrando-se indiferente para com o seu povo, ao menos na aparência, Deus trata seus filhos como peixes do mar e répteis desgovernados e desprotegidos, presa fácil do anzol e da rede dos ímpios, que se enriquecem e se alimentam fartamente, matando sem piedade o povo do Senhor. A dificuldade de Habacuque é um problema de nossos dias também. Por que Deus não interfere no mundo de hoje, impedindo a prosperidade do ímpio, em termos individuais e coletivos? Por que o Senhor permite que em tantos lugares os fiéis sofram, oprimidos por aqueles que detêm o poder político, o poder econômico e o controle das condições sociais? Terá Deus se afastado e se esquecido de nós?
II - VITÓRIA DO JUSTO (Cap. 2): Tendo exposto seu problema, o profeta aguarda a resposta do Senhor. Que lhe dirá o Deus eterno e Santo? A referência à torre de vigia, provavelmente, constitui linguagem figurada. Assim como o atalaia olha cuidadosamente para todos os lados, na expectativa de alguma novidade, o profeta espera com ansiedade uma visão do Senhor que lhe traga a solução do tormentoso problema. É possível que Habacuque se tivesse retirado também para um lugar alto e separado. E aí a torre de vigia e fortaleza seria linguagem literal mesmo. Deus atende a expectativa de Habacuque, dá-lhe a visão tão almejada, e recomenda-lhe que escreva de forma “bem legível sobre tábuas”. A profecia de Habacuque não foi pronunciada como discurso ou pregação ante um auditório. A recomendação da legibilidade para a profecia aplica-se de maneira muito adequada aos nossos tempos. A mensagem de Deus aos homens deve ser dada de forma simples, sem rodeios e complicação, para que seja compreendida à primeira enunciação. Os princípios da comunicação com que tanto nos preocupamos hoje já eram ensinados ao profeta Habacuque. A mensagem que Habacuque recebia não se destinava só à sua época. Ela se destinava “para o tempo determinado”, mas também “para tempos futuros”, já que “se apressa para o fim”. Em Habacuque 2:4, aparece a resposta de Deus à indagação do profeta. Os caldeus são o soberbo, aquele cuja alma não é reta nele. Esse soberbo não permanecerá (2:5), ainda que apareça agora como grande nação. Mas o justo que confia em Deus permanece fiel ao seu Senhor, e viverá pela fé, não obstante os sofrimentos pelos quais esteja passando agora. Fé na linguagem do profeta significa fidelidade, persistência, paciência, lealdade a Deus. Essa fé produz vida, sobrevivência moral e espiritual diante do Senhor mais do que prosperidade material e vitória militar. Os cinco ais (2: 6, 9, 12, 15 e 19) se encerram com a bela declaração do verso 20, de significante mensagem profética. No final, o poder do mundo ruirá, o Senhor voltará para assumir seu lugar de Rei dos reis e Senhor dos senhores. Quando isso se der, ele estará no seu santo templo, e toda a terra se prostrará reverente e respeitosa perante ele.
III – A CONFIANÇA DO PROFETA (Cap. 3): Este capítulo de Habacuque é um poema de adoração e louvor, que expressa a confiança de um homem crente no seu Deus. O problema que deixara perplexo o profeta acha-se resolvido. A resposta do Senhor pôs ordem na sua mente, e colocou as coisas no devido lugar no coração crente de Habacuque. Ao sincero filho de Deus acontece assim. Ele não está imunizado contra dúvidas e problemas. Mas, surgindo dificuldades, ele as apresenta ao Senhor que as soluciona, restaurando a tranqüilidade no espírito do fiel. O verso 2 apela para a manifestação da misericórdia de Deus, em meio à ira que atraí o castigo sobre o povo. Os versos 2 a 4 exaltam o caráter do Senhor. Os versos 5 e 6 falam do poder de Deus em meio à natureza. Os versos 5 a 10 descrevem a ação de Deus, pronunciando e esperando o juízo, mas também salvando o povo: “Tu sais para socorro do teu povo, para salvamento dos teus ungidos... Em silencio, pois, aguardarei o dia da angústia que há de vir sobre o povo que nos oprime” (versos 13 e 14). As palavras finais da profecia dos versos 17 a 19 mostram a confiança do profeta no Senhor e assemelha-se em beleza a Isaías 49: 29-31. O começo da profecia é um clamor. O final é um hino de confiança. De início o profeta chora: “Até quando, Senhor?” No encerramento, ele canta: “O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça e me fará andar sobre os meus lugares altos”.

CONCLUSÃO:
APLICAÇÃO PRÁTICA PARA A NOSSA VIDA:
1. A Santidade de Deus: “Tu que és tão puro de olhos que não podes ver o mal, e que não podes contemplar a perversidade” (verso 1:13). A Bíblia comunica a mensagem de um Deus santo que exige também santidade da parte de seus filhos;
2. A Aparente Indiferença de Deus: “Por que olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas enquanto o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (verso 1:3). Parece às vezes que Deus está indiferença é um passo no plano de Deus, traçado para nosso benefício final;
3. A Atenção de Deus: “Então o Senhor me respondeu” (verso 2:2). Deus não deixa sem resposta as nossas indagações. Ele atende as nossas súplicas, e responde sempre as nossas orações.
4. O Justo viverá pela fé (2:4). Viver por fé é um desafio diário para o cristão. Somos tentados o dia todo, todos os dias a viver por vista, a confiar em coisas materiais, no nosso poder, no nosso dinheiro, nas nossas habilidades, mas a ordem do Senhor é confiem em mim. A confiança em si mesmo traz a queda, a confiança em Deus traz à vida.
5. A experiência do profeta fala ao nosso coração também. É possível, em meio a angústia e ao sofrimento, manter uma atitude de alegria, de confiança? Sim, é possível no Deus das coisas impossíveis, no Deus da nossa salvação, no Deus único e verdadeiro que jamais nos abandonará, mesmo que sejamos infiéis ele permanece fiel.
6. A Confiança em Deus: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado. Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação” (verso 3:17 e 18). A experiência com Deus ensina que ele é alguém em quem podemos confiar, em qualquer circunstância, mesmo quando as aparências contradizem as suas promessas.

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